Essa semana está completando o centenário da Semana de Arte Moderna, evento que a despeito de sua burguesia construtora, ressignificou as artes anacionais a tal ponto que uma professora certa vez quase me expulsou da sala por questionar alguns aspectos do modernismo. Mas enfim, o fato é que tivemos mudanças e conceitos que se tornaram "permanentes" na concepção das artes, entre elas a literatura e como meio de discutir um pouco esse movimento, selecionamos 10 livros importantes para o modernismo brasileiro. Confira:
1 - Macunaíma, de Mário de Andrade: pensamos que não seja exagero dizer que este seja o mais importante livro do modernismo brasileiro ainda que tenha sido publicado seis anos depois da Semana de Arte Moderna. A obra é um divisor de águas na literatura nacional, embrenha-se na questão da identidade nacional e abarca certos aspectos populares da cultura, sem do impulso do fantástico que se dá então. Além disso, na obra encontramos a tal antropofagia levada à estética literária;
2 - Pauliceia Desvairada, de Mário de Andrade: Se na prosa tivemos posteriormente muitas inovações com o modernismo, é na poesia que certamente o movimento escrachou o passado. Esse livro publicado no calor de 22 procura trazer justamente os conceitos modernista como a liberdade métrica (e viva essa liberdade! Morte à escanção!) e o uso de elementos cotidianos na composição do poeta; para o poeta tudo é material;
3 - Memórias sentimentais de João Miramar, de Oswald de Andrade: Ô draminha burguês chato pra caramba. Machado pelo menos tinha certo humor em sua fotografia da burguesia. Todavia, a despeito de sua chatice, essa obra de 1924 é importante para o modernismo, já que não só carrega os conceitos e ideais da turma como explode as fronteiras dos gêneros e dos tipos. É um porre de ler, mesmo assim, importante;
4 - Cobra Norato, de Raul Bopp: O texto é fortemente vinculado à estética da primeira geração modernista e a bem da verdade é um ótimo poema capaz de adentrar a cultura popular. Foi publicado em 1931;
5 - Vidas Secas, de Graciliano Ramos: E aqui começamos a lembrar que o modernismo é visto sob três lógicas, no caso, três fases, como aprendemos na escola. A segunda fase é marcada fortemente pelo regionalismo e as obras de 30 se imbuem de uma forte crítica social; nessa fase temos um conjunto relevante de obras, e talvez a mais significativa este livro sobre o sertão no qual encontramos os principais e mais importantes elementos desta fase;
6 - O Quinze, de Rachel de Queiroz: Outra obra significativa desse momento da literatura nacional, não nos aspectos estéticos enquanto de autoria. Precisamos observar o contexto e Rachel teve de lutar muito para ser respeitada enquanto autora desta grande obra;7 - Terras do Sem Fim, de Jorge Amado: Olha só, na verdade toda obra do autor é fundamental para essa fase de consolidação do modernismo, mais que isso, para toda a literatura nacional. Incluímos essa obra pela forma inauguradora de todo o Ciclo do Cacau;
8 - A paixão segundo G.H, de Clarice Lispector: Então, falar em modernismo no Brasil é pensar um lastro temporal que acaba indo muito além da Semana de 22 e sua terceira geração conhecida como Geração de 45, marca talvez a maturidade da literatura nacional. E um dos principais nomes desse momento é Clarice e seus fluxos de consciência, seu romance-enigma como este que está em pé de igualdade com "A hora da estrela";
9 - Grande Sertão: Veredas, de João Guimarães Rosa: Essa lista não carrega uma ordem de relevância, até porque a este blogueiro aqui está a principal obra da literatura brasileira. Na verdade, ainda que na geração de 45, a herança de 22 pode ser vista em muitos e muitos elementos dessa obra; mas na verdade, mesmo que lembremos que Rosa esteja nessa terceira geração, desconfiamos que ele transcende o modernismo;
10 - Morte e vida Severina, de João de Cabral de Melo Neto: E fechamos essa lista com talvez o mais importante poeta dessa última fase do modernismo e com um poema que segue intenso e influente em nossa cultura.
Por Douglas Eralldo
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