Ninguém jamais passou pelo Acre, ou você vai ao Acre ou não vai. O Acre não é passagem, é destino.
O Acre tem suas idiossincrasias (característica comportamental peculiar a um grupo). Uma delas é não aceitar a reforma ortográfica.
Não é o primeiro estado a fazer isso: segue o exemplo da Bahia, que se recusou a virar Baía quando o Piauhy, topou ser Piauí.
Brasileiro nascido no Acre, pelas normas vigentes, é acriano. Acriano nascido no Acre é acreano mesmo.
Há muito os açoreanos aceitaram ser açorianos, mas a Academia Acreana de Letras bateu o pé e garantiu que a população será acreana com “e” até morrer, digam o que disserem os lexicógrafos.
Se você for fazer concurso público por lá, lembre-se disso na prova de português. Sempre cai essa pegadinha nas provas.
O Acre foi por 3 vezes uma república independente. É o único estado que realmente pertence ao país, com escritura passada em cartório e tudo, porque foi comprado da Bolívia.
E não custou um cavalo, como diz a lenda, mas uma boa grana. Sem contar que quase foi arrendado por um consórcio de capitalistas ingleses e americanos.
Por pouco, o Acre não estaria de malas prontas para o Brexit. Por pouco, o Trump ia querer fazer um muro aqui também.
Quem consultar o dicionário e procurar o significado de “acre” vai encontrar: ácido, afiado, agudo, áspero, avinagrado, azedo, cortante, mordaz, picante, queimante, sarcástico, ríspido, rude.
Aí que tá o detalhe! Acre é uma corruptela de “Aquiri”, que significa “rio dos jacarés” na língua dos apurinãs, que originalmente habitavam a região.
E os jacarés costumam ser ásperos ao toque, ríspidos no trato, tem dentes afiados e cortantes, algo rudes no convívio social, tem temperamento mordaz, lágrimas azedas e (repare bem) um sorriso sarcástico.
Os portugueses podiam ser ruins na fonética dos apurinãs, porém de psicologia de jacaré eles entendiam.
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