Lolita (1962) – Stanley Kubrick
Adaptado do romance lançado em 1955, Lolita causou uma forte impressão desde seu lançamento, pela forma do autor escrever, e pelo desafio à moral e bons costumes da época. Se não fosse o talento de Vladimir Nabokov, o livro poderia se tornar um romance pornográfico e fetichista, ou pior, acabar como um decadente elogio à pedofilia, como muita gente ainda afirma que é.
H.H. é o único narrador da história que não deixou isso explícito, ao menos para todos. Ler seu relato é se colocar na sua pele apaixonada, e até doentia. Inicialmente, o autor tentou publicar sob o pseudônimo de “Vivian Darkbloom”, mas vários editores recusaram o manuscrito, e o livro saiu com o nome real do autor, com cinco mil cópias, que foram vendidas tão rapidamente quanto se espalharam pela Europa.
O jornalista John Gordon escreveu no Sunday Express, jornal londrino, que o livro era “o mais pervertido que já havia lido”, e sua voz encontrou as ruas e a atenção dos conservadores. Um ano após receber o livro sobre a suposta ninfeta, a França o baniu por 2 anos. E a polêmica já tinha ocupado os tabloides por todo mundo. Assim, quando a G.P. Putnam’s Sons publicou o livro nos Estados Unidos (em 18 de agosto de 1958) as vendas foram enormes. Lolita foi o primeiro livro, depois de “E o vento levou” a vender 100 mil cópias nas primeiras 3 semanas. Poucos dias após seu lançamento, já se encontrava na 3ª edição e apesar do livro ocupar o centro dos debates literários, psicológicos e morais no país, nunca foi proibido nos Estados Unidos. Lolita ganhou o mundo. Só em português existem 3 traduções. Dentre as mais atrasadas, a China só liberou Lolita de qualquer censura em 2006.
O livro também ganhou duas adaptações para o cinema, que conversaram longamente com a censura. A primeira delas, de Stanley Kubrick em 1962, foi a mais prejudicada. O filme sofreu uma repaginada pelos conservadores, e apesar de não ser o maior destaque na filmografia de Kubrick, é um clássico. A versão de 1997, de Adrian Lyne, foi muito mais livre e deu um ar extra a Lolita, 20 anos após a morte de Nabokov.
A obsessiva e complexa paixão de um homem por uma menina precoce, que ganhou o mundo com óculos em forma de coração, e se enraizou na cultura pop. É tudo sobre Lolita, como diria H.H em seu relato.
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